terça-feira, 18 de outubro de 2011



O Milagre das Auroras

Era uma vez um Céu escuro

Sem nuvens

Sem estrelas

Sem Lua

Muito menos Sol

Tudo era apenas coberto pelo mais profundo azul escuro

Às vezes, neste Céu, corriam alguns cometas, que cruzavam imponentes todo aquele grande espaço negro.

Faziam barulho, brilhavam forte, promovendo grandes explosões

Enquanto o Céu a pensava consigo mesmo:

‘’Será algum destes belos cometas, aquele que me tornará mais colorido? Será algum deles, aquele que me fará companhia durante a ausência de meus dias, e noites?’’

Mas, os cometas corriam depressa, percorrendo todo aquele grande pálio escuro e vazio, causando grande impacto, realmente chamando atenção, mas nunca ficavam, nunca esperavam, sempre buscando alimentar sua sede de mostrar seu brilho em todos os cantos do céu e da terra, vivendo para enriquecer seus egos, suas vaidades, precisavam apenas do fundo negro daquele firmamento escuro para realçar sua própria vaidade.

O Céu, por sua vez, vendo que era considerado apenas um cenário para tal espetáculo, escureceu mais ainda, tornando-se recluso, fazendo chover seu lamento sobre toda a terra.

E ao chegar o inverno, mais uma vez o triste Céu iniciou seu trabalho.

Fez chover...

Fez nevar...

Fez escurecer...

Nenhum cometa atravessou o Céu naquele dia de inverno.
Mas, o Pai Universo, aquele que reinava sobre o Céu, a Terra e todos os astros, havia reservado algo para aquele céu tão triste.

Enquanto seu lamento caia sobre o solo, quando aquele solitário firmamento começou a se acostumar junto a sua aparente interminável solidão, algo aconteceu.

Uma pequena luz brotou em seu corpo.

O Céu achou que era apenas mais algum cometa vaidoso, desejando realçar seu brilho.
Mas, aquela luz, era diferente.

Era calma, não se assemelhava ao clarão causado pelas labaredas dos astros corredores.

Era tranqüila.

Transmitia paz.

E o Céu, admirado junto a aquela luz que aos poucos, tomava espaço em seu corpo, se perguntava em secreto o que seria aquele fenômeno que lhe transmitia tanta esperança.

Luzes de diversas formas tomaram todo espaço, dançavam calmamente, sem a pressa e a vaidade dos cometas, criando diversas cores, diversos tons, produzindo um belo espetáculo, acalmando a infelicidade daquele ser outrora solitário

Pela primeira vez, o triste Céu sorriu.
E em seu sorriso, diversas estrelas surgiram, formando uma enorme constelação, que também passou a fazer parte daquela inesperada festa.

O Céu estava feliz, plenamente feliz, pois agora, havia passado a amar aquelas luzes dançantes e coloridas, e delas, havia recebido importância que o mesmo nunca havia experimentado.

E as ''Luzes do Inverno'' foram chamadas de ''Auroras'‘, que tinha por significado

''O Romper de um novo Dia''.

E assim...

Céu passou a Amanhecer

E também a anoitecer.

Mas as Auroras, elas sim, o fizeram VIVER.

E toda noite, o firmamento cedia espaço para aquela grande festa, onde a lua, o sol, as estrelas, e as Auroras brincavam e dançavam , iluminando toda a terra.

E aquele humano, aquele que observou em secreto toda a solidão do firmamento durante tanto tempo, durante tantas gerações, aquele que o Céu, durante anos, sem saber, envolveu em suas trevas

Deixou amanhecer sua alma

e encontrou seu caminho para casa...

Henrique Landim

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